sexta-feira, 31 de julho de 2009

ei!

cheiro de terra molhada que acabei de inventar
'procê'


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Não ser


Da síncope, do contratempo, da dúvida
Eis-me
Inconstância rechaçada pelo tempo, delatada pela culpa,
e redimida por essas mãos, puras.

Para os que não são, como eu:

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vida-a-vida V

Hoje, acordei com uma vontade de ser. Uma ansiedade cara. Nem passava das seis e eu já estava de pé. Os vizinhos, ainda ausentes, entremeados por seus lençóis baratos, respiram indiferentes ao meu fulgor juvenil. Sinto o ar fresco e rarefeito da quarta segunda-feira de julho com um leve e longo espreguiçar. Sigo para preparar o café. Ligo o rádio baixinho e sussurro a cadência de um concerto de Haydn que há algum tempo estudei. Vou trabalhar sem peso, saboreando o gosto simples de existir.

Bem no clima: http://www.youtube.com/watch?v=fTQR8KXotEk

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Elo

Percebo que não há nexo no nexo das coisas. Apenas existências, corredores, saídas. Um dia acordamos néctar, no outro massa, no outro água. Há a impaciência e a imprudência. Há a agonia e a fome. Há o aconchego trôpego que faz cessar a lágrima da criança. Tudo é vida. Tudo é.

Assim, meio Janis Joplin:
http://www.youtube.com/watch?v=JjD4eWEUgMM

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Grito


Tenho períodos relativamente longos de atrofia. O pensamento, as sensações, a dor, o sorriso, pregados um ao outro, são como lajes de concreto batido, apáticos, estéreis. Dessa massa informe, a única cria: o silêncio – amigo das horas duras, de quando não se sabe o porquê ou o como. Um silêncio grave, necessário.

Eu, entretanto, busco. Insisto em extrair de um nada a voz de um mundo turvo. Cavo no pulsar das minhas próprias veias, cujo sangue jorra sem que eu precise ordenar, a palavra. Canso. A ânsia de revelar me abate, fundo.

Cegos perdidos sem seus guias e eu aqui entre eles.
Pulso.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Revolta

Sinto a dor do que perdi sem me dar conta. É noite. Em casa, busco o alento escondido entre as fronhas amassadas pela insônia. O ar seco faz ecoar um canto de coruja ao longe. Já passa das dez. As lâmpadas apagadas aproximam a escuridão óbvia lá de fora. Deixo-me acompanhar. O único resgate possível é mesmo o da minha própria companhia – escura. Respiro em ondas de paz e pavor. Basto-me por segundos. Mato-me por minutos. Por que não me botaram para dormir quando era tempo?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Síntese

Gosto do silêncio das coisas não ditas. Gosto de escutar a vida muito mais do que de explicá-la. (Vibro quando as sensações não se dissipam numa eloquência vazia).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Luto

Um grande artista
Ponto.