terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Impressões alagoanas


Olham-me com estranheza. Rostos, antes nunca vistos, incomodam-se com a minha suposta solidão. Indecifrável, nauseante – comentam.
Enquanto meus pés deslizam na maré baixa a areia úmida, quebram-me o silêncio com cochichos e mudanças disfarçadas de lugar – constrangimento camuflado, pena. Retribuo com um sorriso. É a minha doação, em agradecimento. (As intenções não devem ser desprezadas. São as melhores, no fundo).

Escolhi retirar-me só. Não por falta de companhia ou tristeza. Quis, apenas. Não tenho justificativas, ruins ou boas. Não as quero ter. Precisava escutar o vento e o mar.

Foto: arquivo pessoal


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Pausa II

“ Revejo pedaços deles, rugas, olhos raivosos, bocas irritadas e sem lábios, mãos grossas e calosas, finas e leves, transparentes. Ouço pancadas, tiros, pragas, tilintar de esporas, batecum de sapatoes no tijolo gasto. Retalhos e sons dispersavam-se. Medo. Foi o medo que me orientou nos primeiros anos, pavor. Depois as mãos finas se afastaram das grossas, lentamente se delinearam dois seres que me impuseram obediência e respeito. Habituei-me a essas mãos, cheguei a gostar delas”.

Graciliano Ramos – Infância

Foto: arquivo pessoal




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Abandono

Tem um lado em mim que é forte.
O outro chora tanto quando está escuro que é capaz de ser confundido com uma criança. Sem mãe.