quarta-feira, 27 de agosto de 2008

torresmo e cinema

claro claro
mais que claro
raro
o relâmpago clareia os continentes passados:
noite e jasmim
junto à casa
vozes perdidas na lama
domingos vazios
água sonhando na tina
pátria de mato e ferrugem
busca de cobre e alumínio
pelos terrenos baldios
economia de guerra?
pra mim
torresmo e cinema
Ferreira Gullar

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Brisa

Invariavelmente seguimos
Por um dom, uma dor, um amor
Sentimos


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Contemplação

Às vezes, passo horas organizando pensamentos e, num movimento quase pendular, exercito a dúvida – companheira incansável, fiel.
Enquanto filtro das incoerências sentido e dos sinônimos uma verdade qualquer, os minutos escorrem, sem titubear, por entre as sombras desses dedos frágeis.
E depois? Calo-me.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Limites

Andei sumida porque tive gripe, porque arrumei a casa, porque recebi visitas, porque chorei de sono, porque entrei pra academia...

E, no fim de tudo, voou o tempo
E nem o pôr do sol eu vi

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Lar-doce-lar

Mantenho viva a pulsação que me faz tua


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Joãos e Marias

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Fernando Pessoa