quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Balanço

Nem sei ao certo quem sou. E, de verdade, não me importo.
O que quero hoje amanhã já se fez fumaça. O fulgor de ontem decreto por vencido sem me dar conta. E, assim, cada dia nasce como descoberta e (por que não?) esperança.

Para 2009, quero saber ainda menos e experimentar muito mais. Tudo com muito respeito – a mim, sempre.

Feliz Natal e um excelente ano novo para todos!


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Vida-a-vida IV

- Você acredita que Mariazinha largou João? Cancelou até o casamento para ir juntar-se àquele taxistazinho de origem duvidosa – disse dona Eulália.

- Ah, mamãe, não se preocupe. Cada um arca com as conseqüências de seus próprios atos. Daqui a alguns anos, quando a paixão passar, ela vai dar valor ao que jogou fora, mas aí já não terá mais volta.


Volta e meia, nas rodas de família, surge o assunto ´escolhas´. Normalmente, o tema vem acompanhado de uma carga incrivelmente negativa e pesada. “Cuidado com o que você faz da sua vida para não se arrepender depois” é uma assertiva muito repetida por pais, avós, tios, tias, e por aí vai. Não é que eu pregue a total anarquia ou uma rotina desmedida, sem propósitos, mas ninguém consegue extrair da vida toda a incerteza que lhe é inerente. O não-saber é real, faz parte. Os arrependimentos multiplicam-se e, na mesma proporção, as possibilidades de novas escolhas. Então, podíamos tentar ser mais leves, hoje, ao menos. Amanhã (com as variáveis de amanhã) fazemos tudo novo, de novo.

domingo, 30 de novembro de 2008

linha

poesia rima cria
de um mundo que canta
desnudo
ao pé de um ouvido que escuta
faminto

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Do desejo

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho
Hilda Hilst

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um caminho, uma rosa

Passem, dores
porque as flores eu as tenho hoje
por hoje


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Instante

Tirei os sapatos.
Já era tarde
e frio.
Frio lampejo de presença suja, sua, nua

Desterro

Tempestade de lua
Na esquina sem rua, astuta
A bruma

Medo

Acender-me-ia um cigarro?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Cuidava dos seus com esmero. Fazia rir aos pequenos semblantes escurecidos que diariamente se faziam presentes. Era misterioso, e sábio. O que mais me impressionava, entretanto, era seu sorriso. Puro, leve, real.