quarta-feira, 22 de julho de 2009

Grito


Tenho períodos relativamente longos de atrofia. O pensamento, as sensações, a dor, o sorriso, pregados um ao outro, são como lajes de concreto batido, apáticos, estéreis. Dessa massa informe, a única cria: o silêncio – amigo das horas duras, de quando não se sabe o porquê ou o como. Um silêncio grave, necessário.

Eu, entretanto, busco. Insisto em extrair de um nada a voz de um mundo turvo. Cavo no pulsar das minhas próprias veias, cujo sangue jorra sem que eu precise ordenar, a palavra. Canso. A ânsia de revelar me abate, fundo.

Cegos perdidos sem seus guias e eu aqui entre eles.
Pulso.

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