- Você acredita que Mariazinha largou João? Cancelou até o casamento para ir juntar-se àquele taxistazinho de origem duvidosa – disse dona Eulália.
- Ah, mamãe, não se preocupe. Cada um arca com as conseqüências de seus próprios atos. Daqui a alguns anos, quando a paixão passar, ela vai dar valor ao que jogou fora, mas aí já não terá mais volta.
Volta e meia, nas rodas de família, surge o assunto ´escolhas´. Normalmente, o tema vem acompanhado de uma carga incrivelmente negativa e pesada. “Cuidado com o que você faz da sua vida para não se arrepender depois” é uma assertiva muito repetida por pais, avós, tios, tias, e por aí vai. Não é que eu pregue a total anarquia ou uma rotina desmedida, sem propósitos, mas ninguém consegue extrair da vida toda a incerteza que lhe é inerente. O não-saber é real, faz parte. Os arrependimentos multiplicam-se e, na mesma proporção, as possibilidades de novas escolhas. Então, podíamos tentar ser mais leves, hoje, ao menos. Amanhã (com as variáveis de amanhã) fazemos tudo novo, de novo.